quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Linha Mortal

Título no Brasil: Linha Mortal
Título Original: Flatliners
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Joel Schumacher
Roteiro: Peter Filardi
Elenco: Kiefer Sutherland, Kevin Bacon, Julia Roberts, William Baldwin

Sinopse:
Um grupo de arrogantes estudantes de medicina decide desvendar um dos últimos grandes mistérios da ciência moderna: a morte! Eles não desejam vencer ela, mas apenas a sondar de dentro. Assim decidem realizar uma rede de experiências levando o corpo a um estado de quase-morte. A intenção é sondar essa fronteira, para tentar descobrir o que realmente de fato existe no outro lado da vida. O que eles não sabiam é que com isso acabam abrindo portas que jamais deveriam ter sido abertas. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais. Filme indicado ao prêmio Saturn da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films nas categorias de Melhor Filme de Ficção e Melhor Atriz Coadjuvante (Julia Roberts). 

Comentários:
Alguns filmes melhoram bastante com o passar do tempo. Isso se deve principalmente aos roteiros, que sendo de boa qualidade, não envelhecem jamais. Um caso que se encaixa perfeitamente no exemplo acima é essa fita de suspense que fez bastante sucesso na época de seu lançamento, tanto nos cinemas como no mercado de vídeo VHS. Os personagens são extremamente interessantes, jovens estudantes de medicina, egocêntricos, arrogantes, cheios de si, afinal de contas eles estão no topo da cadeia alimentar no ultra concorrido universo dos cursos de ponta da carreira acadêmica americana. Para jovens assim não existem barreiras que os impeçam de irem até o limite. E o que seria mais tentador e ousado do que tentar explicar os mecanismos que rondam a própria morte? Assim no auge de sua petulância eles ousam tentar atravessar essa barreira, verificar o que existe no outro lado e voltar para contar o que viram. Não é uma das tarefas mais simples de realizar. O elenco de "Flatliners" conseguiu reunir um grupo de jovens atores - ainda desconhecidos do grande público na época - que nos anos que viriam iriam se tornar astros e estrelas do cinema americano. Dentre eles se destaca Julia Roberts, ainda colhendo os frutos do recente sucesso de "Uma Linda Mulher". A direção é do irregular Joel Schumacher, um cineasta conhecido por intercalar bons filmes com bombas atômicas. Aqui, para alívio geral, ele comparece com uma obra não apenas interessante, mas também bem desafiadora. Prova que, quando acerta a mão, ele consegue mesmo realizar bons filmes.

Pablo Aluísio.

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Minha Vida

Michael Keaton interpreta Bob Jones, um sujeito que descobre estar sofrendo de uma doença terminal que não o deixará acompanhar o crescimento e a vida de seus filhos em um futuro próximo. Inicialmente decepcionado com a trágica notícia, ele decide então gravar uma série de fitas para os garotos, com conselhos que todos os pais deveriam dar para os filhos. Numa delas ensina os meninos a tirarem a barba da forma correta, na outra deixa dicas preciosas de beisebol e por aí vai. Um filme que tentou ser leve, mas que tem um tema pesado, que simplesmente não dá para aliviar.

O filme não é grande coisa, mas também não chega a ser ruim completamente. Para ajudar na duração temos a linda Nicole Kidman interpretando Gail, a esposa de Bob (Keaton). Ela talvez seja o único motivo para rever o filme nos dias de hoje. Ainda jovem e muito bonita (se bem que ela nunca deixou de ser uma linda mulher), a atriz empresta graça e carisma a um roteiro meio capenga que perde o pique depois da segunda metade de duração. No final das contas o filme não fez muito sucesso (na realidade seu resultado comercial foi bem fraco) o que fez com que a carreira de Keaton fosse cada vez mais para o buraco. Foram tempos difíceis para o ex-Batman.

Minha Vida (My Life, Estados Unidos, 1993) Direção: Bruce Joel Rubin / Roteiro: Bruce Joel Rubin / Elenco: Michael Keaton, Nicole Kidman, Bradley Whitford / Sinopse: Um homem que descobre que vai morrer em breve decide gravar uma série de vídeos para serem assistidos pelos seus filhos, em um futuro próximo.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Crepúsculo

Título no Brasil: Crepúsculo
Título Original: Twilight
Ano de Produção: 2008
País: Estados Unidos
Estúdio: Summit Entertainment
Direção: Catherine Hardwicke
Roteiro: Melissa Rosenberg
Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner
  
Sinopse:
Baseado na série de livros de autoria de Stephenie Meyer, "Crepúsculo" conta a estória de amor entre Bella Swan (Kristen Stewart) e Edward Cullen (Robert Pattinson). Ela é uma jovem normal de sua idade e ele um vampiro secular. Envolvidos em uma paixão avassaladora, ao estilo amor à primeira vista, eles terão que superar todos os desafios para consumar seu romance. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films na categoria Melhor Filme de Fantasia. Indicado ao Grammy Awards nas categorias de Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção ("Decode"). Também indicado aos prêmios People's Choice Awards, Teen Choice Awards e MTV Movie Awards.

Comentários:
Esse filme deu origem a uma das franquias mais populares dos últimos anos. Virou febre entre a juventude. E como todo produto muito popular acabou também virando alvo de críticas ferozes. Não é para tanto! Tudo bem, analisando-se friamente como pura obra cinematográfica o filme deixa um pouco a desejar. Não é nenhuma obra prima da sétima arte. Essa porém não é a questão principal. O mais interessante aqui foi resgatar um certo romantismo entre os jovens que andava soterrado embaixo de pilhas e pilhas de produtos culturais vulgares e obscenos (esses sim merecem a lata de lixo da história!). Curiosamente o enredo adota certos pontos de vista conservadores nos dias de hoje. Não é um problema esse tipo de característica, mas de certa forma até mesmo uma solução. Com tantas adolescentes grávidas por aí, muitas virando mães solteiras, não é nada mal termos no cinema um exemplo positivo vindo de uma obra tão popular como essa. Além disso, pensando-se sobre esse ângulo, o romantismo também pode servir como controle social. Devaneios de sociologia à parte o fato é que a saga foi feita para um determinado tipo de público: o adolescente. Assim se você não se enquadra nessa faixa etária é melhor ficar calado. Se os jovens a quem o filme foi destinado gostaram do que viram, não será um adulto ranzinza que vai desmerecer todo o mérito dessas produções. E estamos conversados.

Pablo Aluísio.

sábado, 27 de janeiro de 2024

Invasão de Privacidade

Depois do grande sucesso comercial de “Instinto Selvagem” era natural que Sharon Stone, mais cedo ou mais tarde, voltasse a interpretar uma personagem parecida com a loira fatal do filme anterior. Também era mais do que esperado que os estúdios direcionassem seus futuros filmes para a sensualidade à flor da pele, marca registrada de seu maior sucesso nas telas. O fato é que “Instinto Selvagem” mudou o status de Sharon Stone em Hollywood. Ela deixou de ser apenas uma atriz bonita para se tornar uma estrela, com tudo de bom e ruim que isso possa significar. Inteligente e muito extrovertida ela conseguiu se manter na mídia, indo a programas de entrevistas, aparecendo em capas de revistas, alimentando fofocas sobre sua vida pessoal, sempre se promovendo da melhor forma possível. Dentro desse contexto o roteiro sensual e (novamente) pervertido de “Invasão de Privacidade” parecia cair como uma luva em suas pretensões de alcançar mais um grande sucesso de bilheteria em sua carreira. Por um cachê milionário ela finalmente aceitou realizar o filme. Tudo parecia se encaixar bem. O roteirista seria o mesmo Joe Eszterhas  de “Instinto Selvagem” e a trama baseada na novela de Ira Levin parecia ser suficientemente picante para atrair novamente um grande público aos cinemas. O diretor seria o premiado australiano Phillip Noyce que já havia causado bastante polêmica com seu visceral “Terror a Bordo”.

Sharon Stone sabia que para o filme se tornar um sucesso tão grande quanto o anterior ela deveria ir além nas cenas sensuais e de erotismo. De fato o enredo, focado bastante no lado mais voyeur dos homens serviria bem a esse propósito. No filme ela interpreta Carly Norris, uma mulher dona de si e do seu destino. Ela se muda para um novo apartamento em um dos endereços mais exclusivos de Nova Iorque. Na vida emocional acaba se envolvendo com dois homens ao mesmo tempo em um excitante jogo de poder e sedução. Tudo caminha bem até o momento em que começa a desconfiar que de alguma forma alguém anda espionando sua vida, até nos mínimos detalhes. O argumento assim abre um aspecto curioso, levando o espectador a uma posição de pleno voyeurismo, vendo a vida privada da personagem principal, se deliciando com cada momento de sua intimidade. Como se esperava um grande sucesso de bilheteria a Paramount investiu pesado em marketing e promoção. O resultado porém se mostrou muito fraco. A produção que custou 40 milhões de dólares conseguiu apurar apenas pouco mais de 100 milhões. Não foi um fracasso como se chegou a dizer na época mas foi um resultado bem abaixo do esperado. Um alto executivo do estúdio chegou a afirmar que a Paramount esperava por pelo menos uns 300 milhões de caixa. Passou bem longe disso.  Artisticamente falando “Invasão de Privacidade” também deixou a desejar. O filme de um modo geral confunde sensualidade com vulgaridade e termina por não se tornar eroticamente interessante. Além disso a conclusão é sensacionalista e de mal gosto. Assim o chamado filme da consagração de Sharon Stone não passou de uma decepção demonstrando mais uma vez que já não se fazem mais estrelas de cinema como antigamente.

Invasão de Privacidade (Sliver, Estados Unidos, 1993) Direção: Phillip Noyce / Roteiro: Joe Eszterhas baseado na novela de Ira Levin / Elenco: Sharon Stone, Tom Berenger, William Baldwin, Martin Landau, Colleen Camp, Polly Walker, C. C. H. Pounder, Nina Foch. / Sinopse: No filme Sharon Stone interpreta Carly Norris, uma mulher dona de si e seu destino. Ela se muda para um novo apartamento em um dos endereços mais exclusivos de Nova Iorque. Na vida emocional acaba se envolvendo com dois homens ao mesmo tempo em um excitante jogo de poder e sedução. Tudo caminha bem até o momento em que começa a desconfiar que de alguma forma alguém anda espionando sua vida, até nos mínimos detalhes.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Seven

Filmes sobre psicopatas geralmente costumam ser muito bons, principalmente quando o roteiro explora a mente desses assassinos de forma inteligente e original. É uma longa tradição em Hollywood a produção desse tipo de filme, basta lembrar do clássico “Psicose” do mestre Hitchcock para entender bem esse aspecto. Aqui em “Seven – Os Sete Crimes Capitais” temos um exemplo mais recente de uma obra cinematográfica que aborda o tema de forma maravilhosamente bem executada. Embora conte em seu elenco com um jovem Brad Pitt a verdade pura e simples é que a grande estrela de “Seven” é seu roteiro muito bem trabalhado e estruturado. Na trama um serial killer mata suas vítimas com requintes de crueldade, tentando reviver nas mortes os chamados sete pecados capitais, a saber: Luxúria, Gula, Preguiça, Ira, Inveja, Cobiça e Vaidade. Em cada assassinato o psicopata deixa sua marca, numa clara tentativa de punir suas vitimas por serem pecadores desses sete pecados capitais.

Para investigar as mortes é designada uma dupla de policiais, formada pelo veterano tenente William Somerset (Morgan Freeman) e pelo novato detetive David Mills (Brad Pitt), jovem e explosivo tira com sede de novas experiências. O roteiro, muito bem escrito, explora um dos tipos de serial killers mais interessantes que existem para a dramaturgia, os chamados “assassinos religiosos” que geralmente encontram base para seus crimes em textos litúrgicos, onde imprimem uma interpretação mais do que pessoal ao que lêem nesses livros. A direção de arte é um dos grandes trunfos de “Seven” pois todas as cenas dos crimes mais parecem quadros macabros da mente do assassino. No fundo é apenas uma das várias assinaturas que o cineasta David Fincher vai deixando pelo caminho. Um dos últimos diretores realmente autorais do cinema americano da atualidade, Fincher faria sua obra prima alguns anos depois em “Clube da Luta”. Assim fica a recomendação de “Seven” um filme inteligente e perturbador nas medidas certas. Grande momento do chamado filão de filmes sobre assassinos em série.

Seven – Os Sete Crimes Capitais (Se7en, Estados Unidos, 1995) Direção: David Fincher / Roteiro: Andrew Kevin Walker / Elenco: Brad Pitt, Morgan Freeman, Gwyneth Paltrow / Sinopse: Assassino em Série começa a executar suas vítimas usando como modelo os sete pecados capitais. Cada um dos crimes procura reproduzir as sete infrações religiosas. Para descobrir a autoria dos assassinatos dois policiais, um veterano e um novato, entram em campo.

Pablo Aluísio.

sábado, 20 de janeiro de 2024

Titanic

Título no Brasil: Titanic
Título Original: Titanic
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: James Cameron
Roteiro: James Cameron
Elenco: Leonardo DiCaprio, Kate Winslet, Billy Zane, Kathy Bates, Bill Paxton, Jonathan Hyde
  
Sinopse:
Jack Dawson (DiCaprio) é um jovem pobretão que ganha numa aposta uma passagem de navio no imenso Titanic. A viagem partirá de Londres rumo aos Estados Unidos, considerado naqueles tempos a terra das oportunidades para imigrantes de todo o mundo. Durante a jornada Jack acaba conhecendo a bela Rose DeWitt Bukater (Kate Winslet), uma garota rica e cheia de sonhos. Ambos se enamoram, mas antes que essa paixão venha a se concretizar definitivamente um grande desastre acontece. O Titanic esbarra em um iceberg em alto-mar, levando à morte centenas de milhares de seus passageiros. Filme vencedor de 11 Oscars.

Comentários:
Quando assisti "Titanic" pela primeira vez, nos cinemas em seu lançamento, pude perceber que o roteiro não era muito original. Na verdade era uma mistura e uma reciclagem de velhos clichês sentimentais e apelativos que curiosamente ainda funcionavam muito bem. Certas fórmulas nunca perdem seu poder de atração perante a plateia. O público e a crítica, claro, foram fisgados imediatamente. O curioso é que nada disso parecia ser o ponto principal do filme. A trama em si parecia uma coisa secundária, usada apenas para que James Cameron viabilizasse seus projetos ambiciosos de fazer as melhores imagens do navio afundado em alto-mar. Para isso ele gastou milhões de dólares. A bilheteria imensa do filme iria assim servir para tornar viável seu velho sonho de ir até as profundezas do Atlântico Norte ver como o Titanic se encontrava no presente. O resultado foi o que todos conhecemos. Como obra cinematográfica o filme é puramente piegas, mas de uma pieguice irresistível, com trilha sonora evocativa e o melhor dos mundos em termos de efeitos especiais, sonoros, etc. Tecnicamente é um filme perfeito, com roteiro redondinho para agradar às grandes massas (com aquela velha coisa romântica de garoto pobre se apaixonando por garota rica), um pano de fundo histórico não muito fiel aos fatos e toneladas de computação gráfica. Um milk-shake que todos estavam esperando consumir. A maioria que provou, gostou e não teve do que reclamar. O filme é o blockbuster romântico por excelência, provavelmente o maior de todos os tempos, o que não quer dizer que seja isento de falhas ou equívocos. Será que alguém ainda se importa com isso hoje em dia?

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

A Enfermeira Betty

Pequena produção tão simpática e carismática que até hoje desperta interesse. Hoje provavelmente vai soar um pouco estranho para o público mais jovem, porém em seu ano de lançamento acabou se tornando um pequeno cult da época. Na verdade foi o primeiro filme de destaque na carreira de Renée Zellweger. Ela interpreta essa personagem muito simpática, a enfermeira Betty do título. No fundo não passa de uma garota bem romântica, ingênua mesmo, que cai de amores por um galã de novelas, o canastrão David Ravell (Greg Kinnear). O que começa com uma simples admiração vai logo ganhando novos contornos, se transformando numa paixão platônica devastadora até finalmente virar uma obsessão sem limites em sua mente. Ela simplesmente não consegue parar de pensar naquele que ela pensa sinceramente ser o grande amor de sua vida.

Claro que tudo sob um viés bem humorado, investindo em um tipo de linguagem mais nonsense, tudo valorizado ainda mais pelo bom elenco de apoio que contou inclusive com gente talentosa como Morgan Freeman e Chris Rock (que aqui está em seu tipo habitual, bem exagerado e fora de controle, diria até histriônico). Ainda linda no começo de sua carreira, com olhar e jeito joviais e bem longe das plásticas que destruíram sua feição original, Renée Zellweger brilhou com seu trabalho a ponto inclusive de também levar o Globo de Ouro para casa. Um feito e tanto para uma jovem atriz texana que naquela altura do campeonato ninguém ainda conhecia direito. Depois desse momento as portas da indústria do cinema iriam se abrir definitivamente para a atriz - pena que o excesso de luzes e fama tenha de certa maneira tirado o seu bom senso com o passar dos anos. De uma forma ou outra a magia do cinema está aí para preservar Zellwegger em um tempo em que ela não passava de uma jovem starlet buscando seu lugar ao sol.

A Enfermeira Betty (Nurse Betty, Estados Unidos, 2000) Direção: Neil LaBute / Roteiro: John C. Richards / Elenco: Renée Zellweger, Morgan Freeman, Chris Rock, Greg Kinnear./ Sinopse: A história de uma mulher comum que trabalha como enfermeira e que tem seus sonhos e suas aspirações de vida.

Pablo Aluísio.