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quarta-feira, 8 de maio de 2024

As Bruxas de Salém

É assombroso saber que a história desse filme realmente aconteceu em Salem, uma cidadezinha à beira-mar durante o século XVII. Até hoje os historiadores não chegaram em um consenso sobre o que de fato aconteceu. Seria um delírio coletivo? Uma contaminação com fungos venenosos? Ou tudo não passou mesmo de um surto de fanatismo religioso sem freios? Pode ser que tenha sido tudo isso ao mesmo tempo. O fato é que mais de duzentas pessoas foram acusadas de bruxaria! Quase vinte delas foram enforcadas! Tudo se baseando em depoimentos de meninas (meninas mesmo, pois algumas tinham apenas 14 anos de idade) que começaram a dizer que o demônio havia tomado conta da vila.

O roteiro desse filme não segue tão de perto os eventos históricos. Na realidade ele é baseado mais na peça teatral escrita por Arthur Miller. Na época ele próprio estava sendo perseguido por um novo tipo de caça às bruxas, também conhecido por Macarthismo, que via comunistas em todos os setores da sociedade americana. Por isso escreveu a peça, para fazer uma inteligente analogia entre o que havia acontecido em Salem e o que estava acontecendo nos Estados Unidos durante a década de 1950. Seria a mesma paranoia insana. De qualquer forma o que historicamente aconteceu em Salem serviu de base para o argumento de Miller. Encaixou tudo muito bem.

No filme tudo começa com algo simples, banal. Um grupo de jovens de Salem decide fazer um ritual na floresta. Quem comanda tudo é a escrava Tituba. É algo até bobo, um tipo de simpatia para atrair os homens pelos quais elas eram apaixonadas. Bobagem adolescente. Só que o ritual acaba sendo pego em flagrante pelo pastor local. E aí começa a loucura. As meninas começaram a inventar mentiras, querendo com isso cair fora de uma suposta acusação de bruxaria. Só que isso desencadeia algo sem limites, pois em pouco tempo todo mundo praticamente passa a ser acusado de bruxaria. Um tribunal de inquisição protestante (sim, porque todos eles eram protestantes) começa a perseguir pessoas inocentes. Uma mera palavra mal colocada já servia como indícios de bruxaria. Uma insanidade completa. Desnecessário dizer que o filme é excelente. Todos os personagens são bem construídos, com uma reconstituição histórica perfeita. Só não espere por um final feliz, isso realmente você não vai encontrar aqui.

As Bruxas de Salém (The Crucible, Estados Unidos, 1996) Direção: Nicholas Hytner / Roteiro: Arthur Miller / Elenco: Daniel Day-Lewis, Winona Ryder, Paul Scofield, Joan Allen, Bruce Davison / Sinopse: Um grupo de meninas começa uma onda de acusações de bruxaria na pequena Salem, durante o século XVII. Isso desencadeia uma série de julgamentos que acabam executando pessoas inocentes na forca. História baseada em fatos reais. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor atriz coadjuvante (Joan Allen) e melhor roteiro adaptado (Arthur Miller).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 27 de março de 2024

Em Nome do Pai

Título no Brasil: Em Nome do Pai
Título Original: In the Name of the Father
Ano de Produção: 1993
País: Estados Unidos, Irlanda, Inglaterra
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Jim Sheridan
Roteiro: Gerry Conlon, Terry George
Elenco: Daniel Day-Lewis, Emma Thompson, Pete Postlethwaite, Alison Crosbie

Sinopse:
O jovem irlandês Gerry (Daniel Day-Lewis) é injustamente acusado de ser membro de uma facção terrorista de seu país e é condenado a uma pesada pena de prisão perpétua pela justiça inglesa, que naquele momento estava particularmente empenhada em deter e punir os membros de grupos de libertação da Irlanda, sob dominação inglesa por séculos. Na prisão Gerry começa uma intensa luta para provar sua inocência das acusações que lhe foram impostas de forma arbitrária e completamente injustas. 

Comentários:
Maravilhoso drama baseado em fatos reais vividos pelo autor Gerry Conlon que escreveu sobre sua terrível experiência no best seller "Proved Innocent". O que temos aqui é um manifesto contra a influência política sobre o judiciário, algo que infelizmente também tem se mostrado bem presente em nosso país nos dias atuais. O personagem Gerry era um jovem completamente inocente que foi preso simplesmente para se manter um status quo político na região onde morava. Foi a forma encontrada pelo governo inglês de punir e mostrar aos irlandeses que qualquer ato de subversão seria punido com rigor. O problema básico é que ele era inocente, um fato que foi propositalmente ignorado pelas autoridades britânicas. Um completo absurdo do ponto de vista jurídico. Daniel Day-Lewis como sempre brilha em sua interpretação. Seu inspirado trabalho em cena lhe valeu a indicação ao Oscar de Melhor Ator naquele ano mas infelizmente ele não levou (o que desagradou parte da crítica que apostava em seu prêmio). Emma Thompson também foi indicada de forma merecida mas também não levou. Na época muito se disse que houve influência do governo inglês para que o filme não fosse consagrado pela Academia (a produção no total foi indicada a sete estatuetas, incluindo direção, roteiro e filme mas acabou não sendo premiada em nenhum). Agora surge uma ótima oportunidade de conferir novamente esse belo filme que tanto do ponto de vista político como artístico é uma verdadeira obra prima.

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de janeiro de 2024

A Época da Inocência

Título no Brasil: A Época da Inocência
Título Original: The Age of Innocence
Ano de Produção: 1993
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Jay Cocks
Elenco: Daniel Day-Lewis, Michelle Pfeiffer, Winona Ryder, Richard E. Grant, Alec McCowen, Geraldine Chaplin

Sinopse:

Baseado no romance histórico escrito por Edith Wharton, o filme "A Época da Inocência" conta a história de um aristocrata americano vivendo em Nova Iorque no século XIX. Mesmo casado, ele não se furta em ter vários romances com jovens da sociedade, criando um grande escândalo entre a elite da cidade.

Comentários:
Excelente drama de época, vencedor do Oscar na categoria de melhor figurino (Gabriella Pescucci). Concorreu ainda ao Oscar nas categorias de melhor atriz (Winona Ryder) e melhor atriz coadjuvante (Winona Ryder). Também concorreu ao Globo de Ouro na categoria de melhor filme, no gênero drama. Poderia ter vencido em todas essas categorias que todas as premiações seriam justas. O roteiro se baseia em um triângulo amoroso que se forma na alta sociedade de Nova Iorque durante o século XIX. Ali está o aristocrata que posa perante aos seus pares ricos como um homem impecável, moralista, conservador e todo o pacote que bem conhecemos. Por trás das cortinas é um sujeito infiel, sem muitos sentimentos de culpa pelas mulheres que seduz. O ator Daniel Day-Lewis deveria ter sido premiado com o Oscar porque seu trabalho de atuação é perfeito. Martin Scorsese também deveria ter levado a estatueta naquele ano. Ele fez seu filme mais bonito. Toda cena parece um quadro clássico pintado. Tudo extremamente caprichado. É o ápice do romantismo cinematográfico em sua brilhante carreira.
 
Pablo Aluísio.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Rebelião em Alto Mar

Excelente filme. Essa é a terceira versão com essa mesma história. As anteriores contaram com dois mitos do cinema, a primeira com Clark Gable e a segunda com Marlon Brando. A produção dessa terceira versão não deixa a desejar, pois conta com vários nomes de peso em seu elenco. Como é baseado em fatos reais não há maiores diferenças em termos de enredo entre os três filmes. A história se passa no século XVIII. O comandante William Bligh (Anthony Hopkins) da Marinha Real Britânica, recebe a missão de levar o navio HMS Bounty até o Pacífico Sul. Seu objetivo é recolher mudas de Fruta-Pão para levá-las para a Jamaica, onde serão plantadas e usadas como alimentação para a mão de obra escrava que é utilizada nas fazendas daquela colônia.

Antes de embarcar Bligh resolve contratar seu amigo pessoal, Fletcher Christian (Mel Gibson), para ser seu homem de confiança dentro do navio. A viagem começa e durante a navegação o Capitão Bligh informa para sua tripulação que tem a vontade de contornar o Cabo Horn, um lugar terrível, cheio de tempestades, onde vários navios afundaram e homens morreram. Essa é a primeira decisão do Capitão que vai contra a vontade de seus marinheiros. A coisa porém não cessa por aí. Bligh se mostra um tirano, sempre açoitando e torturando os membros do navio pelos menores deslizes de disciplina.

Homem duro, pouco propenso a fazer concessões, o Capitão acaba vendo a situação piorar quando o navio finalmente chega nas paradisíacas ilhas do Taiti. Com lindas praias, frutas e mulheres nativas bonitas (e nuas), sempre prontas para transar com os tripulantes, a disciplina e a moral piora ainda mais. Após ficar algumas semanas nessas ilhas, o Bounty finalmente parte em direção à Jamaica, porém os marinheiros resolvem se revoltar contra o Capitão e seu método de comando. O motim, punido por enforcamento pela lei inglesa, logo se torna incontrolável, tendo como mentor justamente o imediato Christian, a quem o Comandante parecia confiar tanto, por considerá-lo seu amigo leal. A traição é duplamente violenta e mortal.

O elenco conta com grandes nomes. O primeiro deles, central em todos os acontecimentos, é Sir Anthony Hopkins, perfeito como o Capitão que perde o controle da situação do barco ao seu comando. Mel Gibson que trava um verdadeiro duelo de interpretação com Hopkins em cena, obviamente leva uma surra nesse aspecto, pois ele era ainda muito jovem quando atuou no filme. Melhor se sai o ícone do cinema e teatro inglês Laurence Olivier. Quando o filme começa o Capitão do Bounty é levado a uma corte marcial e Laurence interpreta seu superior, um almirante, que preside o julgamento. Daniel Day-Lewis também está na tripulação do navio, com o primeiro imediato do capitão que acaba perdendo seu posto durante a viagem. Não há muito espaço para Lewis brilhar, mas ele cumpre perfeitamente bem seu papel no meio de tantas feras da arte de atuar. Por fim Liam Neeson dá vida a um marinheiro bom de briga, meio animalesco, que se torna um pesadelo para seus superiores enquanto atravessa o Atlântico. Em suma, um filme realmente muito bom, com ótima fotografia, roteiro bem escrito, coeso e um time de atores de primeira linha. Imperdível para cinéfilos em geral.

Rebelião em Alto Mar (The Bounty, Estados Unidos, Inglaterra, 1984) Direção: Roger Donaldson / Roteiro:  Robert Bolt, baseado no livro histórico escrito por Richard Hough / Elenco: Mel Gibson, Anthony Hopkins, Daniel Day-Lewis, Laurence Olivier, Liam Neeson, Edward Fox / Sinopse: No século XVIII o Capitão William Bligh (Anthony Hopkins) é surpreendido por um motim em sua embarcação, o navio da armada inglesa HMS Bounty. Os amotinados liderados por Fletcher Christian (Mel Gibson) tomam o controle do navio alegando não mais suportar a tirania de seu comandante. Filme indicado à Palma de Ouro do Cannes Film Festival. Também indicado ao British Society of Cinematographers na categoria de Melhor Fotografia (Arthur Ibbetson).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Meu Pé Esquerdo

Título no Brasil: Meu Pé Esquerdo
Título Original: My Left Foot
Ano de Produção: 1989
País: Irlanda, Inglaterra
Estúdio: Ferndale Films
Direção: Jim Sheridan
Roteiro: Shane Connaughton, Jim Sheridan
Elenco: Daniel Day-Lewis, Brenda Fricker, Alison Whelan, Kirsten Sheridan, Declan Croghan, Eanna MacLiam

Sinopse:
Filme baseado em uma história real. Christy Brown (Daniel Day-Lewis) é um jovem com necessidades especiais. Ele é diagnosticado com paralisia cerebral, o que o torna cadeirante, mas sua mãe decide incentivar a inteligência e o talento para as artes do filho. Apesar de só poder usar o pé esquerdo para pintar e escrever, ele acaba se tornando um grande artista de seu tempo. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme e melhor roteiro adaptado.

Comentários:
Filme maravilhoso e uma grande lição de vida. Especialmente indicado para as pessoas que vivem reclamando da vida, se lamentando e se fazendo de vítimas. A história de Christy Brown mostra acima de tudo que não há limites para a grandeza da alma humana. O roteiro também segue na mesma linha, mostrando o protagonista como alguém de uma sensibilidade ímpar, que queria acima de tudo se expressar através da arte que produzia, mesmo com todas as limitações físicas a que era submetido. Além da bonita história que conta, o filme ainda tem um elenco excepcional. O que dizer da interpretação de Daniel Day-Lewis? Essa é uma daquelas atuações que faz o espectador bater palmas ao final do filme. Ele se transformou completamente, mostrando não apenas sua versatilidade como grande ator, mas também pela sensibilidade poética que dá vida ao seu personagem. Não foi por acaso que acabou vencendo o Oscar de melhor ator naquele ano. Inclusive foi uma daquelas premiações que todos já sabiam quem iria vencer. Não havia nenhum concorrente à altura. Brenda Fricker também foi premiada com o Oscar de melhor atriz coadjuvante. Uma atuação de puro coração, porém Daniel Day-Lewis foi mesmo o grande destaque. Uma performance realmente sobrenatural.

Pablo Aluísio.