quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Crepúsculo

Título no Brasil: Crepúsculo
Título Original: Twilight
Ano de Produção: 2008
País: Estados Unidos
Estúdio: Summit Entertainment
Direção: Catherine Hardwicke
Roteiro: Melissa Rosenberg
Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner
  
Sinopse:
Baseado na série de livros de autoria de Stephenie Meyer, "Crepúsculo" conta a estória de amor entre Bella Swan (Kristen Stewart) e Edward Cullen (Robert Pattinson). Ela é uma jovem normal de sua idade e ele um vampiro secular. Envolvidos em uma paixão avassaladora, ao estilo amor à primeira vista, eles terão que superar todos os desafios para consumar seu romance. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films na categoria Melhor Filme de Fantasia. Indicado ao Grammy Awards nas categorias de Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção ("Decode"). Também indicado aos prêmios People's Choice Awards, Teen Choice Awards e MTV Movie Awards.

Comentários:
Esse filme deu origem a uma das franquias mais populares dos últimos anos. Virou febre entre a juventude. E como todo produto muito popular acabou também virando alvo de críticas ferozes. Não é para tanto! Tudo bem, analisando-se friamente como pura obra cinematográfica o filme deixa um pouco a desejar. Não é nenhuma obra prima da sétima arte. Essa porém não é a questão principal. O mais interessante aqui foi resgatar um certo romantismo entre os jovens que andava soterrado embaixo de pilhas e pilhas de produtos culturais vulgares e obscenos (esses sim merecem a lata de lixo da história!). Curiosamente o enredo adota certos pontos de vista conservadores nos dias de hoje. Não é um problema esse tipo de característica, mas de certa forma até mesmo uma solução. Com tantas adolescentes grávidas por aí, muitas virando mães solteiras, não é nada mal termos no cinema um exemplo positivo vindo de uma obra tão popular como essa. Além disso, pensando-se sobre esse ângulo, o romantismo também pode servir como controle social. Devaneios de sociologia à parte o fato é que a saga foi feita para um determinado tipo de público: o adolescente. Assim se você não se enquadra nessa faixa etária é melhor ficar calado. Se os jovens a quem o filme foi destinado gostaram do que viram, não será um adulto ranzinza que vai desmerecer todo o mérito dessas produções. E estamos conversados.

Pablo Aluísio.

sábado, 27 de janeiro de 2024

Invasão de Privacidade

Depois do grande sucesso comercial de “Instinto Selvagem” era natural que Sharon Stone, mais cedo ou mais tarde, voltasse a interpretar uma personagem parecida com a loira fatal do filme anterior. Também era mais do que esperado que os estúdios direcionassem seus futuros filmes para a sensualidade à flor da pele, marca registrada de seu maior sucesso nas telas. O fato é que “Instinto Selvagem” mudou o status de Sharon Stone em Hollywood. Ela deixou de ser apenas uma atriz bonita para se tornar uma estrela, com tudo de bom e ruim que isso possa significar. Inteligente e muito extrovertida ela conseguiu se manter na mídia, indo a programas de entrevistas, aparecendo em capas de revistas, alimentando fofocas sobre sua vida pessoal, sempre se promovendo da melhor forma possível. Dentro desse contexto o roteiro sensual e (novamente) pervertido de “Invasão de Privacidade” parecia cair como uma luva em suas pretensões de alcançar mais um grande sucesso de bilheteria em sua carreira. Por um cachê milionário ela finalmente aceitou realizar o filme. Tudo parecia se encaixar bem. O roteirista seria o mesmo Joe Eszterhas  de “Instinto Selvagem” e a trama baseada na novela de Ira Levin parecia ser suficientemente picante para atrair novamente um grande público aos cinemas. O diretor seria o premiado australiano Phillip Noyce que já havia causado bastante polêmica com seu visceral “Terror a Bordo”.

Sharon Stone sabia que para o filme se tornar um sucesso tão grande quanto o anterior ela deveria ir além nas cenas sensuais e de erotismo. De fato o enredo, focado bastante no lado mais voyeur dos homens serviria bem a esse propósito. No filme ela interpreta Carly Norris, uma mulher dona de si e do seu destino. Ela se muda para um novo apartamento em um dos endereços mais exclusivos de Nova Iorque. Na vida emocional acaba se envolvendo com dois homens ao mesmo tempo em um excitante jogo de poder e sedução. Tudo caminha bem até o momento em que começa a desconfiar que de alguma forma alguém anda espionando sua vida, até nos mínimos detalhes. O argumento assim abre um aspecto curioso, levando o espectador a uma posição de pleno voyeurismo, vendo a vida privada da personagem principal, se deliciando com cada momento de sua intimidade. Como se esperava um grande sucesso de bilheteria a Paramount investiu pesado em marketing e promoção. O resultado porém se mostrou muito fraco. A produção que custou 40 milhões de dólares conseguiu apurar apenas pouco mais de 100 milhões. Não foi um fracasso como se chegou a dizer na época mas foi um resultado bem abaixo do esperado. Um alto executivo do estúdio chegou a afirmar que a Paramount esperava por pelo menos uns 300 milhões de caixa. Passou bem longe disso.  Artisticamente falando “Invasão de Privacidade” também deixou a desejar. O filme de um modo geral confunde sensualidade com vulgaridade e termina por não se tornar eroticamente interessante. Além disso a conclusão é sensacionalista e de mal gosto. Assim o chamado filme da consagração de Sharon Stone não passou de uma decepção demonstrando mais uma vez que já não se fazem mais estrelas de cinema como antigamente.

Invasão de Privacidade (Sliver, Estados Unidos, 1993) Direção: Phillip Noyce / Roteiro: Joe Eszterhas baseado na novela de Ira Levin / Elenco: Sharon Stone, Tom Berenger, William Baldwin, Martin Landau, Colleen Camp, Polly Walker, C. C. H. Pounder, Nina Foch. / Sinopse: No filme Sharon Stone interpreta Carly Norris, uma mulher dona de si e seu destino. Ela se muda para um novo apartamento em um dos endereços mais exclusivos de Nova Iorque. Na vida emocional acaba se envolvendo com dois homens ao mesmo tempo em um excitante jogo de poder e sedução. Tudo caminha bem até o momento em que começa a desconfiar que de alguma forma alguém anda espionando sua vida, até nos mínimos detalhes.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Seven

Filmes sobre psicopatas geralmente costumam ser muito bons, principalmente quando o roteiro explora a mente desses assassinos de forma inteligente e original. É uma longa tradição em Hollywood a produção desse tipo de filme, basta lembrar do clássico “Psicose” do mestre Hitchcock para entender bem esse aspecto. Aqui em “Seven – Os Sete Crimes Capitais” temos um exemplo mais recente de uma obra cinematográfica que aborda o tema de forma maravilhosamente bem executada. Embora conte em seu elenco com um jovem Brad Pitt a verdade pura e simples é que a grande estrela de “Seven” é seu roteiro muito bem trabalhado e estruturado. Na trama um serial killer mata suas vítimas com requintes de crueldade, tentando reviver nas mortes os chamados sete pecados capitais, a saber: Luxúria, Gula, Preguiça, Ira, Inveja, Cobiça e Vaidade. Em cada assassinato o psicopata deixa sua marca, numa clara tentativa de punir suas vitimas por serem pecadores desses sete pecados capitais.

Para investigar as mortes é designada uma dupla de policiais, formada pelo veterano tenente William Somerset (Morgan Freeman) e pelo novato detetive David Mills (Brad Pitt), jovem e explosivo tira com sede de novas experiências. O roteiro, muito bem escrito, explora um dos tipos de serial killers mais interessantes que existem para a dramaturgia, os chamados “assassinos religiosos” que geralmente encontram base para seus crimes em textos litúrgicos, onde imprimem uma interpretação mais do que pessoal ao que lêem nesses livros. A direção de arte é um dos grandes trunfos de “Seven” pois todas as cenas dos crimes mais parecem quadros macabros da mente do assassino. No fundo é apenas uma das várias assinaturas que o cineasta David Fincher vai deixando pelo caminho. Um dos últimos diretores realmente autorais do cinema americano da atualidade, Fincher faria sua obra prima alguns anos depois em “Clube da Luta”. Assim fica a recomendação de “Seven” um filme inteligente e perturbador nas medidas certas. Grande momento do chamado filão de filmes sobre assassinos em série.

Seven – Os Sete Crimes Capitais (Se7en, Estados Unidos, 1995) Direção: David Fincher / Roteiro: Andrew Kevin Walker / Elenco: Brad Pitt, Morgan Freeman, Gwyneth Paltrow / Sinopse: Assassino em Série começa a executar suas vítimas usando como modelo os sete pecados capitais. Cada um dos crimes procura reproduzir as sete infrações religiosas. Para descobrir a autoria dos assassinatos dois policiais, um veterano e um novato, entram em campo.

Pablo Aluísio.

sábado, 20 de janeiro de 2024

Titanic

Título no Brasil: Titanic
Título Original: Titanic
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: James Cameron
Roteiro: James Cameron
Elenco: Leonardo DiCaprio, Kate Winslet, Billy Zane, Kathy Bates, Bill Paxton, Jonathan Hyde
  
Sinopse:
Jack Dawson (DiCaprio) é um jovem pobretão que ganha numa aposta uma passagem de navio no imenso Titanic. A viagem partirá de Londres rumo aos Estados Unidos, considerado naqueles tempos a terra das oportunidades para imigrantes de todo o mundo. Durante a jornada Jack acaba conhecendo a bela Rose DeWitt Bukater (Kate Winslet), uma garota rica e cheia de sonhos. Ambos se enamoram, mas antes que essa paixão venha a se concretizar definitivamente um grande desastre acontece. O Titanic esbarra em um iceberg em alto-mar, levando à morte centenas de milhares de seus passageiros. Filme vencedor de 11 Oscars.

Comentários:
Quando assisti "Titanic" pela primeira vez, nos cinemas em seu lançamento, pude perceber que o roteiro não era muito original. Na verdade era uma mistura e uma reciclagem de velhos clichês sentimentais e apelativos que curiosamente ainda funcionavam muito bem. Certas fórmulas nunca perdem seu poder de atração perante a plateia. O público e a crítica, claro, foram fisgados imediatamente. O curioso é que nada disso parecia ser o ponto principal do filme. A trama em si parecia uma coisa secundária, usada apenas para que James Cameron viabilizasse seus projetos ambiciosos de fazer as melhores imagens do navio afundado em alto-mar. Para isso ele gastou milhões de dólares. A bilheteria imensa do filme iria assim servir para tornar viável seu velho sonho de ir até as profundezas do Atlântico Norte ver como o Titanic se encontrava no presente. O resultado foi o que todos conhecemos. Como obra cinematográfica o filme é puramente piegas, mas de uma pieguice irresistível, com trilha sonora evocativa e o melhor dos mundos em termos de efeitos especiais, sonoros, etc. Tecnicamente é um filme perfeito, com roteiro redondinho para agradar às grandes massas (com aquela velha coisa romântica de garoto pobre se apaixonando por garota rica), um pano de fundo histórico não muito fiel aos fatos e toneladas de computação gráfica. Um milk-shake que todos estavam esperando consumir. A maioria que provou, gostou e não teve do que reclamar. O filme é o blockbuster romântico por excelência, provavelmente o maior de todos os tempos, o que não quer dizer que seja isento de falhas ou equívocos. Será que alguém ainda se importa com isso hoje em dia?

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

A Enfermeira Betty

Pequena produção tão simpática e carismática que até hoje desperta interesse. Hoje provavelmente vai soar um pouco estranho para o público mais jovem, porém em seu ano de lançamento acabou se tornando um pequeno cult da época. Na verdade foi o primeiro filme de destaque na carreira de Renée Zellweger. Ela interpreta essa personagem muito simpática, a enfermeira Betty do título. No fundo não passa de uma garota bem romântica, ingênua mesmo, que cai de amores por um galã de novelas, o canastrão David Ravell (Greg Kinnear). O que começa com uma simples admiração vai logo ganhando novos contornos, se transformando numa paixão platônica devastadora até finalmente virar uma obsessão sem limites em sua mente. Ela simplesmente não consegue parar de pensar naquele que ela pensa sinceramente ser o grande amor de sua vida.

Claro que tudo sob um viés bem humorado, investindo em um tipo de linguagem mais nonsense, tudo valorizado ainda mais pelo bom elenco de apoio que contou inclusive com gente talentosa como Morgan Freeman e Chris Rock (que aqui está em seu tipo habitual, bem exagerado e fora de controle, diria até histriônico). Ainda linda no começo de sua carreira, com olhar e jeito joviais e bem longe das plásticas que destruíram sua feição original, Renée Zellweger brilhou com seu trabalho a ponto inclusive de também levar o Globo de Ouro para casa. Um feito e tanto para uma jovem atriz texana que naquela altura do campeonato ninguém ainda conhecia direito. Depois desse momento as portas da indústria do cinema iriam se abrir definitivamente para a atriz - pena que o excesso de luzes e fama tenha de certa maneira tirado o seu bom senso com o passar dos anos. De uma forma ou outra a magia do cinema está aí para preservar Zellwegger em um tempo em que ela não passava de uma jovem starlet buscando seu lugar ao sol.

A Enfermeira Betty (Nurse Betty, Estados Unidos, 2000) Direção: Neil LaBute / Roteiro: John C. Richards / Elenco: Renée Zellweger, Morgan Freeman, Chris Rock, Greg Kinnear./ Sinopse: A história de uma mulher comum que trabalha como enfermeira e que tem seus sonhos e suas aspirações de vida.

Pablo Aluísio.

domingo, 14 de janeiro de 2024

O Psicólogo

Eu não sei bem o porquê mas ultimamente os filmes do Kevin Spacey estão saindo diretamente para o mercado de DVD no Brasil não tendo chances de serem exibidos nos cinemas. Uma pena já que ele tem apresentado ótimas interpretações como no caso desse "O Psicólogo" (um título estranho embora literal - Shrink é uma gíria para a profissão - e que na minha opinião seria mais adequado "O Psicanalista"). Kevin aqui faz o profissional do título, um sujeito que perdeu sua esposa (o roteiro não entra em maiores detalhes apenas afirma que ela se matou) e que por essa razão literalmente perde a vontade de viver. O curioso é que enquanto ele vive essa crise tem que aconselhar uma fauna de bacanas ricos mais confusos do que ele mesmo (entre eles um Robin Williams em participação especial). O contraste entre uma pessoa que não consegue superar nem suas próprias crises pessoais mas que ao mesmo tempo ganha a vida aconselhando os outros sobre suas vidas é uma das coisas mais irônicas que vi ultimamente no cinema americano. A ironia de "Shrink" é aquela que nasce da acidez, do desconforto, da inadequação. Seu roteiro, extremamente inteligente, nos deixa inquietos durante todo o filme.

Como sempre Kevin Spacey se esbalda em cada cena. Fumando um cigarro de maconha atrás do outro ele acaba se aconselhando, vejam só que ironia, com o seu traficante pessoal, um jovem que lhe vende todas as variedades de ervas possíveis (algumas com nomes hilários). Esse vendedor de drogas é vivido pelo bom ator Jesse Plemons (quem acompanha "Friday Night Lights" o conhece muito bem) e ironicamente se chama "Jesus". Fora isso vamos acompanhando várias estórias paralelas de personagens que acabam se cruzando durante o decorrer do filme. Enfim "Shrink" é muito bem interpretado, tem um roteiro que passeia da ironia à melancolia e certamente vai satisfazer as expectativas de um público mais inteligente e exigente. Recomendo bastante.

O Psicólogo (Shrink, Estados Unidos, 2009) Direção: Jonas Pate / Roteiro: Thomas Moffett, Henry Reardon / Elenco: Kevin Spacey, Mark Webber, Keke Palmer / Sinopse: Psicólogo de pessoas extremante ricas não consegue mais lidar com a dor da perda de sua esposa. Deprimido entra em profunda crise existencial.

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de janeiro de 2024

A Época da Inocência

Título no Brasil: A Época da Inocência
Título Original: The Age of Innocence
Ano de Produção: 1993
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Jay Cocks
Elenco: Daniel Day-Lewis, Michelle Pfeiffer, Winona Ryder, Richard E. Grant, Alec McCowen, Geraldine Chaplin

Sinopse:

Baseado no romance histórico escrito por Edith Wharton, o filme "A Época da Inocência" conta a história de um aristocrata americano vivendo em Nova Iorque no século XIX. Mesmo casado, ele não se furta em ter vários romances com jovens da sociedade, criando um grande escândalo entre a elite da cidade.

Comentários:
Excelente drama de época, vencedor do Oscar na categoria de melhor figurino (Gabriella Pescucci). Concorreu ainda ao Oscar nas categorias de melhor atriz (Winona Ryder) e melhor atriz coadjuvante (Winona Ryder). Também concorreu ao Globo de Ouro na categoria de melhor filme, no gênero drama. Poderia ter vencido em todas essas categorias que todas as premiações seriam justas. O roteiro se baseia em um triângulo amoroso que se forma na alta sociedade de Nova Iorque durante o século XIX. Ali está o aristocrata que posa perante aos seus pares ricos como um homem impecável, moralista, conservador e todo o pacote que bem conhecemos. Por trás das cortinas é um sujeito infiel, sem muitos sentimentos de culpa pelas mulheres que seduz. O ator Daniel Day-Lewis deveria ter sido premiado com o Oscar porque seu trabalho de atuação é perfeito. Martin Scorsese também deveria ter levado a estatueta naquele ano. Ele fez seu filme mais bonito. Toda cena parece um quadro clássico pintado. Tudo extremamente caprichado. É o ápice do romantismo cinematográfico em sua brilhante carreira.
 
Pablo Aluísio.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Kalifornia

Poucos ainda se recordam hoje em dia desse que foi um dos primeiros filmes de Brad Pitt a ganhar maior repercussão. De fato até aquele momento o ator só tinha se destacado mesmo com sua pontinha em "Thelma e Louise" e depois no drama nostálgico "Nada é Para Sempre", uma emocional volta ao passado dirigido pelo sempre correto Robert Redford na direção. "Kalifornia" destoa de todos os seus trabalhos anteriores. O filme é de complicada classificação pois passeia com êxito por diferentes gêneros cinematográficos. É extremamente violento e impactante mas isso não lhe tira o foco do aspecto mais humanos dos personagens insanos. A trama investe num tipo que tem se tornado comum nos últimos anos - a dos fãs de Serial Killers. Existe todo um nicho específico para os que gostam de conhecer as histórias desses assassinos em série. Há vasta literatura sobre o assunto e milhares de sites que possuem como temática a vida desses psicopatas. O tema, apesar de assustador e terrível, já entrou definitivamente dentro da cultura pop.

Pois bem, no filme acompanhamos um casal de jornalistas que resolvem visitar os locais históricos por onde passaram os mais famosos assassinos da história dos EUA; Brian Kessler (David Duchovny) e Carrie Laughlin (Michelle Forbes) formam o casal que decide embarcar nessa estranha viagem. Para dividir os custos da viagem resolvem colocar um anúncio nos jornais convidando pessoas que se interessem pelo assunto e que queiram fazer a mesma excursão. Quem responde aos anúncios é o casal formado por Adele Corners (Juliette Lewis) e Early Grayce (Brad Pitt). Ela é uma mulher submissa ao irascível marido, Early que não parece ter o juízo no lugar. O que não sabem é que ele próprio é um psicopata violento, com acessos de fúria e violência. A viagem que parecia ser um tanto inusitada acaba virando um terror completo para todos os envolvidos. Kalifornia causou certa polêmica em seu lançamento justamente porque há um viés de apologia à vida desses assassinos. Não penso que seja o caso, na realidade se trata de um bem orquestrado road movie com muitas cenas de suspense e tensão. Uma boa amostra do cinema mais ousado da década de 90. Procure conhecer, vai valer a pena.

Kalifornia - Uma Viagem ao Inferno (Kalifornia, Estados Unidos, 1993) Direção: Dominic Sena / Roteiro: Stephen Levy, Tim Metcalfe / Elenco: Brad Pitt, Juliette Lewis, Kathy Larson,  David Duchovny / Sinopse: Casal resolve conhecer os lugares históricos onde viveram os principais psicopatas dos Estados Unidos. Para dividir as despesas resolve viajar com um outro casal. O problema é que eles não serão bons companheiros de viagem.

Pablo Aluísio.

sábado, 6 de janeiro de 2024

Romeu + Julieta

Título no Brasil: Romeu + Julieta
Título Original: Romeo + Juliet
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Baz Luhrmann
Roteiro: Craig Pearce, baseado na obra de William Shakespeare
Elenco: Leonardo DiCaprio, Claire Danes, John Leguizamo
  
Sinopse:
Romeu (Leonardo DiCaprio) ama Julieta (Claire Danes), mas não conseguem ficar felizes e em paz pois pertencem a duas famílias que simplesmente se detestam e se odeiam. Como superar todas as adversidades em nome de um grande amor como aquele? Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Direção de Arte (Catherine Martin e Brigitte Broch). Vencedor do BAFTA Awards nas categorias de Melhor Direção, Design de Produção e Roteiro Adaptado.

Comentários:
Desde essa época o Leonardo DiCaprio sonhava com o Oscar de melhor ator (e lá se vão vinte anos de puro desespero por um prêmio que parece não chegar nunca!). Enfim... voltemos ao filme. A premissa é básica: trazer a obra do grande e imortal William Shakespeare para o público jovem. E como fazer isso? Transformando tudo em um videoclip, ou melhor explicando, usar a linguagem dos videoclips para atrair a atenção da juventude dos anos 90 (que não parava de assistir a MTV). Como se trata também de uma das obras mais populares do dramaturgo inglês era de se esperar que fluísse às mil maravilhas. Não foi bem isso que aconteceu. A verdade é que o diretor Baz Luhrmann é um pretensioso arrogante que pensa estar sempre revolucionando o cinema com seus filmes. Menos. Ele fez um filme muito colorido, bonitinho e simpático, mas a despeito disso também esvaziou muito a obra que lhe deu origem. Na ânsia de soar moderninho demais tudo o que Baz Luhrmann conseguiu no final das contas foi ser muito, mas muito chato! O filme nunca me convenceu e nem agradou. Há excessos de modernices que aborrecem. Além disso Leonardo DiCaprio parece estar mais preocupado em aparecer bonitinho em cena, como se estivesse posando para uma revista de adolescentes entediadas, do que em atuar realmente bem. Assim não há como salvar o filme. O bardo merecia coisa muito melhor (além do devido respeito, é claro). E o Leo ficou novamente a ver navios. Oscar que é bom... nada!

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Rebelião em Alto Mar

Excelente filme. Essa é a terceira versão com essa mesma história. As anteriores contaram com dois mitos do cinema, a primeira com Clark Gable e a segunda com Marlon Brando. A produção dessa terceira versão não deixa a desejar, pois conta com vários nomes de peso em seu elenco. Como é baseado em fatos reais não há maiores diferenças em termos de enredo entre os três filmes. A história se passa no século XVIII. O comandante William Bligh (Anthony Hopkins) da Marinha Real Britânica, recebe a missão de levar o navio HMS Bounty até o Pacífico Sul. Seu objetivo é recolher mudas de Fruta-Pão para levá-las para a Jamaica, onde serão plantadas e usadas como alimentação para a mão de obra escrava que é utilizada nas fazendas daquela colônia.

Antes de embarcar Bligh resolve contratar seu amigo pessoal, Fletcher Christian (Mel Gibson), para ser seu homem de confiança dentro do navio. A viagem começa e durante a navegação o Capitão Bligh informa para sua tripulação que tem a vontade de contornar o Cabo Horn, um lugar terrível, cheio de tempestades, onde vários navios afundaram e homens morreram. Essa é a primeira decisão do Capitão que vai contra a vontade de seus marinheiros. A coisa porém não cessa por aí. Bligh se mostra um tirano, sempre açoitando e torturando os membros do navio pelos menores deslizes de disciplina.

Homem duro, pouco propenso a fazer concessões, o Capitão acaba vendo a situação piorar quando o navio finalmente chega nas paradisíacas ilhas do Taiti. Com lindas praias, frutas e mulheres nativas bonitas (e nuas), sempre prontas para transar com os tripulantes, a disciplina e a moral piora ainda mais. Após ficar algumas semanas nessas ilhas, o Bounty finalmente parte em direção à Jamaica, porém os marinheiros resolvem se revoltar contra o Capitão e seu método de comando. O motim, punido por enforcamento pela lei inglesa, logo se torna incontrolável, tendo como mentor justamente o imediato Christian, a quem o Comandante parecia confiar tanto, por considerá-lo seu amigo leal. A traição é duplamente violenta e mortal.

O elenco conta com grandes nomes. O primeiro deles, central em todos os acontecimentos, é Sir Anthony Hopkins, perfeito como o Capitão que perde o controle da situação do barco ao seu comando. Mel Gibson que trava um verdadeiro duelo de interpretação com Hopkins em cena, obviamente leva uma surra nesse aspecto, pois ele era ainda muito jovem quando atuou no filme. Melhor se sai o ícone do cinema e teatro inglês Laurence Olivier. Quando o filme começa o Capitão do Bounty é levado a uma corte marcial e Laurence interpreta seu superior, um almirante, que preside o julgamento. Daniel Day-Lewis também está na tripulação do navio, com o primeiro imediato do capitão que acaba perdendo seu posto durante a viagem. Não há muito espaço para Lewis brilhar, mas ele cumpre perfeitamente bem seu papel no meio de tantas feras da arte de atuar. Por fim Liam Neeson dá vida a um marinheiro bom de briga, meio animalesco, que se torna um pesadelo para seus superiores enquanto atravessa o Atlântico. Em suma, um filme realmente muito bom, com ótima fotografia, roteiro bem escrito, coeso e um time de atores de primeira linha. Imperdível para cinéfilos em geral.

Rebelião em Alto Mar (The Bounty, Estados Unidos, Inglaterra, 1984) Direção: Roger Donaldson / Roteiro:  Robert Bolt, baseado no livro histórico escrito por Richard Hough / Elenco: Mel Gibson, Anthony Hopkins, Daniel Day-Lewis, Laurence Olivier, Liam Neeson, Edward Fox / Sinopse: No século XVIII o Capitão William Bligh (Anthony Hopkins) é surpreendido por um motim em sua embarcação, o navio da armada inglesa HMS Bounty. Os amotinados liderados por Fletcher Christian (Mel Gibson) tomam o controle do navio alegando não mais suportar a tirania de seu comandante. Filme indicado à Palma de Ouro do Cannes Film Festival. Também indicado ao British Society of Cinematographers na categoria de Melhor Fotografia (Arthur Ibbetson).

Pablo Aluísio.