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quarta-feira, 9 de agosto de 2023

A Rainha

O filme se propõe a ser um retrato daquele que provavelmente foi o momento mais marcante dessa nova monarquia britânica: a morte da Princesa Diana. O foco é então desviado para o lado mais humano da Rainha Elizabeth II, aqui brilhantemente interpretada pela talentosa Helen Mirren. Após a morte de Diana em Paris a realeza inglesa ficou em certo impasse pois era fato conhecido de todos que as relações entre a Rainha e Diana estavam longe de serem cordiais ou amenas. A princesa havia se divorciado de Charles e estava tendo um romance um tanto escandaloso com Dodi Al-Fayed, herdeiro da cadeia de lojas Herrod´s, um envolvimento amoroso que causava um constrangimento generalizado na monarquia e que era desaprovado sem reservas pela Rainha. Como se não bastasse esse comportamento nada discreto e elegante da mãe do futuro Rei da Inglaterra, Diana ainda escancarava a vida privada da nobreza de forma vergonhosa para a imprensa, mostrando aspectos íntimos da vida familiar do Palácio de Buckingham. Assim quando morreu naquele trágico acidente a Rainha se viu em um impasse tremendo: se mostrar fria e indiferente ao acontecimento, mantendo sua postura e fleuma, ou demonstrar tristeza profunda pela morte da Princesa. Nesse momento entra em cena a atuação do Primeiro-Ministro Tony Blair (Michael Sheen), que tentará mudar a mentalidade da monarca britânica. 

Elizabeth não quis assistir ao filme pois se sentiu bastante desconfortável ao ser retratada nas telas. Além disso resumiu seu sentimento em relação ao filme ao declarar: " não quero relembrar uma das piores semanas de minha vida". Excesso de zelo certamente pois "A Rainha" é uma produção do mais alto nível, com roteiro caprichosamente escrito, tentando sempre se manter de forma bastante fiel aos fatos históricos. É certo que Diana passava longe de ser uma nobre com comportamento adequado mas diante de sua popularidade imensa perante a população, fruto de seu carisma e atos de boa vontade, a Rainha teve que dar o braço a torcer, declarando imenso pesar pela morte de sua ex-nora. A Academia gostou bastante do resultado final e "A Rainha" conquistou o Oscar de Melhor Atriz (Helen Mirren) e foi indicado aos de Figurino, Direção, Trilha Sonora, Melhor Filme e Roteiro Original. O reconhecimento continuou nos prêmios do Globo de Ouro e Bafta onde venceu nas categorias Atriz e filme. Nada mal para uma produção luxuosa e elegante, digna de uma verdadeira Rainha.

A Rainha (The Queen, Estado Unidos / Inglaterra, 2006) Direção: Stephen Frears / Roteiro: Peter Morgan / Elenco: Helen Mirren, Michael Sheen, James Cromwell, Sylvia Syms./ Sinopse: Na semana da morte da Princesa Diana a Rainha Elizabeth II fica em um impasse: se manter o mais longe possível da tragédia ou se envolver pessoalmente mostrando o pesar pela morte da  Princesa.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 14 de julho de 2023

Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha

Poucas vezes no mundo das artes se teve tanto interesse na figura da Rainha Vitória. Além de uma série popular sendo exibida atualmente na Inglaterra, temos aqui um belo filme mostrando uma história pouco conhecida da amizade da Rainha (já octogenária) com um criado indiano chamado Abdul Karim. Eles se conheceram por mero acaso, quando Abdul foi designado para presentear a Rainha, durante um banquete, com uma moeda tradicional da Índia. A monarca não deu muita bola para o presente, mas ficou impressionada e interessada na figura do indiano. A partir daí se aproximaram e uma inusitada amizade se criou entre eles.

Obviamente que a Rainha da Inglaterra ter uma aproximação assim tão de perto com um indiano, ainda mais muçulmano, criou uma série de atritos com os demais membros da família real. Vitória, no fundo uma mulher solitária, sem amigos, já com oitenta anos, sentia-se muito sozinha e amarga, principalmente pelo fato de que todas as pessoas de quem realmente gostava já tinham morrido naquela fase de sua vida. O filho, chamado por ela de Bertie, futuro Rei Eduardo VII, não passava de um homem fútil que só trazia aborrecimentos para ela. As demais filhas também não lhe traziam mais boas notícias, assim acabou sobrando para ele ter pequenos momentos agradáveis com seu servil Abdul, que era um homem inteligente que estava sempre disposto a contar e ensinar coisas para a Rainha. Ela era a Imperatriz da Índia naquele momento, mas nunca havia ido naquele distante e exótico país, tampouco conhecia sua história e riqueza cultural. Abdul acabou abrindo essas portas de conhecimento para ela.

Além de ser historicamente muito interessante, "Victoria & Abdul" ainda passeia pela vida privada e mais íntima da Rainha, a mostrando em momentos bem humanos. Ela foi a monarca que mais tempo ficou no trono na Inglaterra e deu nome a todo um século, chamado de "Era Vitoriana". Foi o auge do império britânico, com possessões e colônias em todos os lugares do mundo conhecido. Claro que em um filme assim haveria a necessidade de ter uma grande atriz interpretando a Rainha Vitória. E ela está lá, Judi Dench. Essa maravilhosa atriz já havia inclusive interpretado Vitória em "Sua Majestade, Mr. Brown" e agora retorna ao mesmo papel. Envelhecida ainda mais por uma bem feita maquiagem (que está concorrendo ao Oscar nessa categoria), ela realmente impressiona pelo talento e pela sensibilidade mostrada em cada momento do filme. Sua atuação é grandiosa. Em suma, um belo filme, um dos melhores de 2017, que inclusive não foi indicado na principal categoria (o de melhor filme do ano). Mais uma injustiça na longa lista da história do Oscar.

Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha (Victoria & Abdul, Inglaterra, Estados Unidos, 2017) Direção: Stephen Frears / Roteiro: Lee Hall / Elenco: Judi Dench, Ali Fazal, Tim Pigott-Smith, Eddie Izzard / Sinopse: Baseado no livro escrito por Shrabani Basu, o filme conta a história real da amizade da Rainha Victoria com um serviçal indiano, que se tornou uma pessoa bem próxima dela em seus últimos anos de vida. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Judi Dench). Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Maquiagem e Cabelo (Daniel Phillips e Loulia Sheppard) e Melhor Figurino (Consolata Boyle).

Pablo Aluísio.