quinta-feira, 29 de junho de 2023

Anna Karenina

O livro “Anna Karenina” é uma das obras mais famosas do autor Lev Nikolayevich Tolstoi (1828 - 1910). Publicado originalmente em 1875 o romance não é o mais expressivo do escritor (papel que cabe a “Guerra e Paz” de 1865) mas certamente sempre foi um dos preferidos da sétima arte onde já se contam seis adaptações ao longo dos anos (a primeira data de 1935 e a última de 1997). Agora chega às telas brasileiras mais uma versão, dessa vez dirigida pelo excelente cineasta Joe Wright de “Orgulho e Preconceito” e “Desejo e Reparação”, ambos filmes realizados ao lado de sua atriz preferida, a talentosa Keira Knightley, parceria que se repete mais uma vez aqui. O cinema de Wright é elegante, charmoso e muito sofisticado. Ele havia tentando entrar na indústria americana com seus dois filmes anteriores, “O Solista” e “Hanna”, mas agora volta para sua zona de conforto, onde realmente brilha, em adaptações de obras literárias famosas como esse “Anna Karenina”.

O enredo mostra a paixão que uma aristocrata, Anna Karenina (Kiera Knightley), nutre por um oficial da cavalaria, o Conde Vronsky (Aaron Taylor- Johnson). Ele é filho de uma condessa de alta estirpe. O problema é que Karenina é casada com outro homem, o alto funcionário imperial Karenin (Jude Law), que acaba vendo seu bom nome ser envolvido em um verdadeiro escândalo na corte por causa das aventuras extra-conjugais de sua esposa. Numa Rússia Czarista onde a nobreza vivia em luxos exuberantes enquanto a imensa massa da população sobrevivia na mais absoluta miséria, Anna Karenina toca, mesmo que superficialmente, em questões sociais, morais e políticas. A produção abraça esse ambiente de luxo e ostentação e cada cena logo se torna um colírio aos olhos. Essa adaptação não é extremamente fiel (seria muito complicado levar toda a riqueza de detalhes do livro para as telas) mas mantém um bom nível, muito digno. Já como romance e entretenimento funciona muito bem. Para os que desejam conhecer a obra que lhe deu origem mais a fundo fica a sugestão de ler o texto de Tolstoi que certamente é riquíssimo.

Anna Karenina (Anna Karenina, Estados Unidos, 2012) Direção: Joe Wright / Roteiro: Tom Stoppard / Elenco: Keira Knightley, Jude Law, Aaron Taylor-Johnson, Kelly Macdonald, Matthew Macfadyen / Sinopse: O filme narra o amor extraconjugal que a aristocrata Anna Karenina acaba tendo por um oficial da cavalaria. Casada, seu romance logo se torna um escândalo na corte czarista da Rússia imperial. Vencedor do Oscar de Melhor Figurino. Indicado aos Oscars de Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Direção de Arte.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 23 de junho de 2023

Razão e Sensibilidade

Título no Brasil: Razão e Sensibilidade
Título Original: Sense and Sensibility
Ano de Produção: 1995
País: Inglaterra, Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Ang Lee
Roteiro: Emma Thompson
Elenco: Emma Thompson, Kate Winslet, Hugh Grant, Alan Rickman, James Fleet, Gemma Jones

Sinopse:
Baseado no romance escrito por Jane Austen, o filme "Razão e Sensibilidade" conta a história de Elinor Dame (Emma Thompson). Quando seu pai falece e deixa toda a herança para um filho de outro casamento, ela e suas irmãs, mais sua mae, ficam numa situação financeira bem ruim e isso em um tempo de sua vida que ela é também pressionada para arranjar um marido rico para se casar. Filme vencedor do Oscar na categoria de melhor roteiro adaptado(Emma Thompson).

Comentários:
Tive a oportunidade de assistir no cinema, na época de seu lançamento original. Esse filme é um primor de elegância e estilo. Não poderia ser diferente, uma vez que é a adaptação de um dos maiores clássicos da literatura inglesa, um romance escrito pela genial Jane Austen. Quem conhece sua obra sabe do que se trata. Ela escreveu sobre a sociedade britânica de seu tempo, os valores sociais que imperavam, as pequenas e grande hipocrisias, as dificuldades de ser um mulher inteligente e de personalidade dentro daquele meio social. Em um tempo cheio de muitos preconceitos e costumes rígidos, era extremamente complicado pensar de uma maneira original e até mesmo mais sensata. Esse filme foi um grande sucesso de crítica, sendo considerado um dos melhores de seu ano de lançamento. O detalhe diferenciado é que apesar de ser um material extremamente ligado à cultura da Inglaterra vitoriana, foi dirigido por um oriental, Ang Lee. O surpreendente é que apesar dessas diferenças culturas básicas, o filme como um todo deu muito certo. È um dos melhores dos anos 90, sem dúvida. Além de ter sido premiado com o Oscar de melhor roteiro adaptado, "Razão e Sensibilidade" ainda foi indicado nas categorias de melhor filme, melhor atriz (Emma Thompson), melhor atriz coadjuvante (Kate Winslet), melhor direção de fotografia (Michael Coulter), melhor figurino (Jenny Beavan, John Bright) e melhor música (Patrick Doyle).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de junho de 2023

Orgulho & Preconceito

Orgulho & Preconceito
Baseado na obra romântica escrita por Jane Austen, "Pride e Prejudice" conta uma história de amor em um momento particularmente complicado na vida de personagens que se vêem tragados por eventos de proporções mundiais. O enredo mostra a vida de cinco irmãs inglesas - Jane, Elizabeth, Mary, Kitty e Lydia Bennet - que sonham em se casar com o homem perfeito. O problema será superar todas as dificuldades que irão surgir pela frente. Ainda demorará alguns anos para que outras cinematografias alcancem o nível de sofisticação e classe do cinema inglês. Há toda uma preocupação em adaptar obras literárias importantes (como as de autoria da genial Jane Austen) e um cuidado todo especial em realizar pesquisas históricas para se chegar com máxima fidelidade possível nos modos de ser e se vestir das pessoas que viveram na época em que se passam os enredos narrados por essa escritora. O resultado é simplesmente impecável, valorizado por personagens extremamente humanos e bem desenvolvidos do ponto de vista psicológico e emocional. 

O filme foi mal qualificado e classificado no Globo de Ouro concorrendo na categoria de Melhor Filme - Comédia ou Musical. Essa gafe acabou virando uma chacota entre a imprensa britânica. Obviamente que a graça está presente em muitas das obras de Austen, mas considerar um filme como esse como uma mera "comédia" só deixa exposto uma certa falta de sofisticação intelectual por parte dos americanos. Ignore isso e se delicie com as maravilhosas observações, ora cínicas, ora críticas, de Jane Austen sobre as convenções sociais de seu tempo.

Orgulho & Preconceito (Pride & Prejudice, Inglaterra, França, Estados Unidos, 2005) Estúdio: Focus Features, Universal Pictures, StudioCanal / Direção: Joe Wright / Roteiro: Deborah Moggach / Elenco: Keira Knightley, Matthew Macfadyen, Brenda Blethyn, Carey Mulligan, Donald Sutherland / Sinopse: Baseado na obra imortal escrita por Jane Austen, "Pride e Prejudice". Filme vencedor do BAFTA Awards na categoria de Melhor Direção. Indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção de Arte, Figurino, Música e Atriz (Keira Knightley).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 16 de junho de 2023

A Jovem Rainha Vitória

Vitória foi uma das monarcas mais importantes da história inglesa. Seu reinado foi um dos mais longos que se tem notícia, indo de 1837 a 1901 e marcou o apogeu do império britânico. O século em que reinou ficou conhecido como "A Era Vitoriana". Tanta importância e esplendor já rendeu muitos filmes, livros e documentários mas agora com esse "A Jovem Rainha Vitória" tentou-se fazer algo diferente. Ao invés de retratar a rainha no auge de sua glória os produtores optaram por mostrar seus primeiros anos, ainda jovem e mocinha, envolvida com amores próprios da idade. Tudo embalado em uma produção digna de uma rainha - lindos cenários, muito luxo e figurinos deslumbrantes. O maior problema do filme parece ser justamente o fato de se focar em um dos períodos menos interessantes da nobre pois não há, para falar a verdade, algo realmente marcante na trama do filme. A Vitória que surge em cena está mais preocupada em arranjar um namorado e ir em bailes de gala do que qualquer outra coisa. Nenhuma intriga palaciana surge em cena e o roteiro passa longe de explorar o clima político de sua época. Além disso Vitória é uma garota do século XIX que parece ter idéias avançadas demais para o contexto histórico em que viveu. 

Os roteiristas ignoraram o fato dela ter sido uma das monarcas mais conservadoras da Inglaterra, o que certamente não se ajusta muito bem com a Vitória "moderninha" que surge em cena. O ponto positivo de "A Jovem Rainha Vitória" é certamente o seu elenco. A britânica Emily Blunt se sai bem. Sua interpretação está no tom correto, embora a corte inglesa fosse mais solene e formal da que vemos no filme. Paul Bettany também está bem, inspirado e marcando boa presença. Seu Lord Melbourne é certamente uma das melhores coisas de "The Young Victoria". Curiosamente para um filme tão britânico escalaram um estrangeiro para a direção, o canadense Jean-Marc Vallée. A escolha desagradou alguns jornalistas ingleses e eles tem certa razão em reclamar, uma vez que provavelmente um cineasta do país poderia ter um olhar mais familiar e próximo com a sua realeza britânica. De qualquer forma o produto final não é ruim. Tem sua dose de erros históricos como explicados aqui, mas como entretenimento até pode funcionar. Não é historicamente correto e macula de certa forma a história real dos fatos. Para os que gostam de produções de luxo, com muito romance e cenas de enamorados adolescentes pode até se tornar uma boa opção. Já para os que querem saber mais sobre a Rainha Vitória recomendamos mesmo uma boa visita à biblioteca mais próxima. Será mais instrutivo e esclarecedor certamente. 

A Jovem Rainha Vitória (The Young Victoria, Inglaterra, Alemanha, 2009) Direção: Jean-Marc Vallée / Roteiro: Julian Fellowes / Elenco: Emily Blunt, Rupert Friend, Paul Bettany, Miranda Richardson, Jim Broadbent / Sinopse: O filme narra a adolescência e juventude de Alexandrina Victoria que se tornaria a famosa monarca inglesa Rainha Vitória. Governando durante praticamente todo um século ela reinou em uma época de ouro para o império britânico em seu auge de esplendor e glória.  

Pablo Aluísio.

terça-feira, 13 de junho de 2023

Vestígios Do Dia

Terminei de rever "Vestígios Do Dia". Fazia tempo que tinha visto pela última vez então foi um prazer renovado. Nem é preciso dizer que mesmo após todos esses anos o filme não perdeu nem uma cota de seu charme, de sua delicadeza e de sua elegância. Na minha opinião ainda continua sendo uma grande obra prima do cinema. Muita gente não consegue até hoje captar a essência desse roteiro, o que é uma pena, pois a mensagem é tão sutil e delicada que passa despercebida a muitos. Não chegam a entender que "Vestígios do Dia" tem um dos enredos mais românticos já filmados. O mais interessante de tudo é que o filme consegue fazer isso sem nenhum tipo de afeto físico entre os protagonistas. Tudo é apenas sugerido, insinuado. Não há um beijo sequer entre eles, por exemplo. Isso porém acaba não tendo importância pois a emoção e o sentimento são tão presentes que esse tipo de coisa acaba sendo um mero detalhe.

A atração entre o mordomo (Hopkins) e sua governanta (Emma Thompson) é latente mas não assumida abertamente por causa das convenções sociais a que ambos estão submetidos. Além disso Hopkins brilha como uma pessoa que simplesmente não consegue expressar suas emoções. Criado para ser um mordomo a vida inteira e possuir uma educação exemplar ele acaba perdendo a capacidade de se revelar a quem quer que seja, mesmo para a mulher que sente atração e nutre sentimentos românticos. Assim é erguido um muro invisível que não deixa que ambos se declarem um ao outro. Tudo isso é de uma sutileza fenomenal. Apenas um cineasta com a sensibilidade de James Ivory conseguiria transportar isso para a tela no tom certo.

Desnecessário dizer que o resultado é excelente. O roteiro é um primor, a direção e a reconstituição de época são soberbas mas o melhor vem da interpretação dos atores. Esse filme traz a melhor atuação da carreira de Anthony Hopkins, embora isso possa causar surpresa em muitos é a mais pura verdade. Ele faz um mordomo de um Lord inglês que se apaixona por uma empregada da mansão, feita pela Emma Thompson. É um filme de momentos sutis. Existe uma cena maravilhosa em que Hopkins tenta se declarar à sua paixão mas por questões sociais, timidez, nervosismo e até mesmo preconceito se reprime. Poucas vezes vi um momento tão divinamente interpretado no cinema como esse. É genial. Vestígios do Dia é um primor, um filme feito para pessoas sofisticadas e de muito bom gosto. Como não poderia deixar de ser é uma produção britânica do mais alto nível. O diretor Ivory é um dos meus preferidos de todos os tempos. E é por essa e outras razões que considero "Vestígios Do Dia" uma perfeição da sétima arte. Poucas vezes algo assim tão sutil encontrou um veículo tão competente nas telas. Um primor!

Vestigios do Dia (The Remains of the Day, Estados Unidos, Inglaterra, 1993) Direção: James Ivory / Elenco: Christopher Reeve, Anthony Hopkins, Emma Thompson, Caroline Hunt / Sinopse: 1958. James Stevens (Anthony Hopkins), um homem de idade, em um grande carro antigo começa uma viagem pela Inglaterra em direção ao mar. Por muitos anos ele foi o mordomo-chefe de Darlington Hall, uma famosa casa de campo. Neste época sacrificou sua vida pessoal por vários anos para ter um alto desempenho profissional, mesmo reprimindo seus sentimentos e passasse uma frieza que na verdade não era parte da sua personalidade. Ele está indo visitar Sally Kenton (Emma Thompson), que ele não vê há muito tempo e tinha sido governanta em Darlington. Ele pensa que talvez ela possa ser persuadida a retomar a sua antiga posição, trabalhando para o novo proprietário de Darlington, um congressista americano aposentado.

Pablo Aluísio.

sábado, 10 de junho de 2023

Jane Eyre

Jane Eyre é um clássico da literatura inglesa então obviamente o texto do roteiro tem muito pedigree. No fundo é uma estória bem romântica com várias reviravoltas, amores impossíveis, romantismo exacerbado e heróis galantes. Aqui acompanhamos a triste saga de Jane Eyre. Bem nascida tem o azar de ver seus dois pais mortos. Nas mãos de uma parenta megera logo é internada em um colégio interno, daqueles de dar arrepios, com quartos escuros e professoras violentas. Castigo físico é rotina além de muitas horas de estudo e trabalho. Jane então se torna uma moça adulta e ao sair da escola procura um emprego como governanta numa luxuosa propriedade campestre britânica (aqueles casarões que estamos acostumados a ver em filmes e séries britânicas como Downtown Abbey). Aí nesse local ela viverá emoções, paixões e tudo o mais que não convém contar mais para não estragar.

A produção é da BBC Films, então bom gosto e classe refinados é o mínimo a se esperar. A direção é meio burocrática, sem grandes arroubos autorais o que é de se compreender pois o diretor Cary Fukunaga (que apesar do nome é americano) quis apenas contar a estória do livro sem tirar nem colocar nada. Quis ser eficiente e correto. Se não atrapalha também não emociona. Percebi que diante de tanto zelo pela obra original o filme acabou soando frio, gélido, sem grandes emoções. Até mesmo o romance central (que deveria ser um arroubo de paixões descontroladas) se torna morno. De qualquer forma ainda recomendo por causa da bonita produção, dos belos jardins e da chance de conhecer, nem que seja pela tela, a obra da escritora inglesa Charlotte Bront.

Jane Eyre (Jane Eyre, Estados Unidos, 2011) Direção: Cary Fukunaga / Roteiro: Moira Buffini / Elenco: Mia Wasikowska, Jamie Bell e Sally Hawkins / Sinopse: Jane Eyre (Mia Wasikowska) morava com sua tia, e ao ficar órfã é levada para morar em um internato. Quando adulta, ela vai trabalhar como governanta na casa de Edward Rochester (Michael Fassbender) mas em breve o destino mudará completamente sua vida.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de junho de 2023

As Irmãs Brontë

Charlotte Brontë (1816 - 1855) foi uma das escritoras mais celebradas da língua inglesa. Ao lado de suas irmãs, ela escreveu romances essenciais tais como "Jane Eyre", "Emma" e "O Morro dos Ventos Uivantes". Esse filme produzido pela BBC conta parte de sua história. As três irmãs viviam em um lugarejo bem isolado ao norte da Inglaterra, nas colinas de Yorkshire, e eram filhas de um pastor anglicano que estava ficando cego com a idade. As três sempre foram muito esforçadas em sua educação, isso em uma época em que as mulheres ainda não tinham acesso completo a escolas formais. As jovens tinham apenas um irmão, que sofria de alcoolismo e  trazia muitos problemas familiares para seu velho pai.

Elas sempre gostaram de estudar e escrever, porém conforme o tempo foi passando elas procuraram uma maneira de ganhar a vida, afinal seu pai já caminhava para o fim e elas perderiam o lugar de morada que pertencia à paróquia local. Inicialmente Charlotte e suas irmãs tentaram a poesia, mas depois perceberam que os livros mais vendidos da época eram romances. Assim as três começaram a elaborar livros nesse estilo, sempre mesclando a pura ficção com parte da história delas mesmas. O resultado foi, como hoje já sabe, maravilhoso, histórico, porém na época elas só queriam vender algumas cópias para sobreviverem, já que eram mulheres solteiras, pobres, sem perspectivas de um futuro melhor.

Desnecessário dizer que o filme é muito bom e por demais interessante, do ponto de vista histórico. O estigma contra mulheres escritoras era tão forte na época que elas precisaram usar pseudônimos masculinos para que suas obras fossem vendidas às grandes editoras de Londres. Dessa maneira, usando o pseudônimo literário de Currer Bell, começaram a vender suas primeiras edições. O curioso é que os romances logo se tornaram grandes sucessos, verdadeiros best-sellers. Todos queriam conhecer o grande mago das letras Currer Bell, mas ele na verdade não existia, os livros eram escritos por essas três irmãs do interior. O filme traz uma cena ótima quando finalmente Charlotte viaja para Londres pela primeira vez e conta toda a verdade para seu editor! Por fim, para fechar com chave de ouro essa bela obra cinematográfica, a última cena traz imagens feitas hoje em dia na verdadeira casa onde moraram as irmãs Brontë. O lugar virou um museu e um ponto de encontro para admiradores de seus romances inesquecíveis.

As Irmãs Brontë (To Walk Invisible: The Bronte Sisters, Inglaterra, 2016) Direção: Sally Wainwright / Roteiro: Sally Wainwright / Elenco: Finn Atkins, Jonathan Pryce, Charlie Murphy, Chloe Pirrie, Adam Nagaitis / Sinopse: O filme conta a história real das três irmãs da família Brontë. Elas sempre tiveram o sonho de se tornarem escritoras. Quando o pai começa a ficar cego, em razão da velhice, elas decidem procurar por editoras de Londres interessadas em seus escritos. Acabaram se tornando escritoras consagradas na história da língua inglesa.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 8 de junho de 2023

Cinquenta Tons de Liberdade

Esse terceiro filme é bem mais inócuo do que todos os anteriores. O casal formado pelo milionário Christian Grey e por Anastasia Steele acaba se aproximando cada vez mais de se tornar um casal de rotina, comum, como tantos outros que encontramos por aí. O casamento é o grande atrativo dessa terceira sequência. Agora casados de papel passado, eles precisam enfrentar um criminoso, Jack Hyde, que os culpa pela destruição de sua vida. Ele perdeu o emprego, foi parar na cadeia, mas não desiste de se vingar. O curioso é que acaba se descobrindo que Hyde e Grey possuem um passado em comum, chegando a viverem na mesma família quando eram garotos órfãos. Mesmo com essa ameaça pairando no ar, não espere por cenas emocionantes e nem uma dramaturgia mais forte. No final das contas a presença de Hyde nem faz muita diferença. Ele é apenas uma muleta narrativa para que a estória não fique resumida ao próprio casal, viajando a lugares bonitos do planeta, enquanto curtem a sua lua de mel.

Um aspecto que notei nesse terceiro filme é que a autora E.L. James pareceu ter absorvido as críticas que se fazia no tocante à violência de Grey para com Anastasia. As cenas de masoquismo estão muito atenuadas, quase inexistentes. O tal quarto vermelho, com algemas e chicotes pelas paredes, ainda está lá, mas o casalzinho o usa cada vez menos. Na verdade durante o filme inteiro só há mesmo uma sessão de sexo nessa linha. Depois o quarto acaba sendo usado por ela apenas para afogar suas mágoas, quando dorme no sofá de lá, ao descobrir que seu marido pode estar tendo um caso extraconjugal. Quando o filme termina ficamos com a sensação que o casal vai cair numa rotina daquelas, que destrói vários casamentos. Eles estão no jardim, carregando o filhinho para dentro de casa. Pois é, nesse filme a Anastasia também descobre que está grávida, o que apavora Grey que diz que ainda não está preparado para ser pai. Pelo visto ele não é emocionalmente muito maduro. Um velho clichê de livros românticos ao estilo Sabrina. Então basicamente é isso o que temos. Se faz o seu gênero não deixe de assistir a esse filme que acabou me soando como uma conclusão bem insossa da trilogia.

Cinquenta Tons de Liberdade (Fifty Shades Freed, Estados Unidos, 2018) Direção: James Foley / Roteiro:  Niall Leonard, baseado no romance escrito por E.L. James / Elenco: Dakota Johnson, Jamie Dornan, Eric Johnson / Sinopse: Christian Grey (Jamie Dornan) e Anastasia Steele (Dakota Johnson) finalmente se casam. Para a Lua de Mel eles começam a viajar pelos lugares mais bonitos do planeta como Paris e Aspen. Só que a felicidade completa do casal é perturbada pela presença criminosa de Jack Hyde (Eric Johnson), o ex-patrão de Anastasia que foi demitido de seu emprego após ter problemas com ela. Achando que sua vida acabou, ele decide partir para a vingança, custe o que custar.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 6 de junho de 2023

Cinquenta Tons Mais Escuros

Depois que esse filme acabou fiquei com aquela sensação de que ele foi bem mais leve e convencional do que o primeiro. Claro que as mentes de muitas mulheres que são loucas por esses livros da autora E.L. James ainda precisam ser estudadas (como alguém pode amar um protagonista que espanca as mulheres e as chamam de submissas?), mas de um modo em geral achei a trama desse segundo filme bem mais sensata e equilibrada. Não há tanta violência e nem absurdos como vimos na primeira estória. O bilionário Christian Grey (Jamie Dornan) continua um doente que adora misturar prazer sexual com violência física, porém nesse segundo livro a autora o suavizou bastante, talvez por causa das inúmeras críticas que recebeu. Ele ainda gosta de dar uns tapas na namorada Anastasia Steele (Dakota Johnson), mas sem tortura e sadismo. O sujeito aliás está mais romântico, parece ter mais sentimentos e até pensa em casamento! Os tempos mudaram mesmo...

E é justamente por ter pegado mais leve que essa continuação funciona melhor. O romance do casal parece ser mais normal, sem insanidades violentas exageradas e inoportunas. Grey ainda tem muito a esconder da namorada, mas tirando seu passado traumático de lado ele surge como um namorado mais normal, diria até convencional. Claro que suas demonstrações de riqueza ainda pipocam aqui e acolá (parecendo que as mulheres, apesar de todos os avanços, ainda possuem um fetiche por homens ricos e poderosos). Darwin explicaria. Mesmo assim, com esse revés (que tem grande fundo de verdade no mundo real), o fato é que a trama é bem mais fluída, redonda e funcional. Ainda continua sendo um filme feito e direcionado essencialmente para o público feminino. Para os homens pode até vir a funcionar se você tiver um pouquinho de paciência. Muitos vão achar alguns momentos piegas demais (e realmente são), porém como é uma estória de transição as coisas ainda vão se encaixando para serem solucionadas na terceira parte da franquia, no já anunciado "Cinquenta Tons de Liberdade", com previsão de chegar nos cinemas em 2018 ou 2019. Assim temos que ter, como já escrevi, um pouco da paciência para assistir tudo. No final das contas não aborrece e nem chateia. Apenas serve como passatempo.

Cinquenta Tons Mais Escuros (Fifty Shades Darker, Estados Unidos, 2017) Direção: James Foley / Roteiro: Niall Leonard / Elenco: Dakota Johnson, Jamie Dornan, Kim Basinger, Eric Johnson, Marcia Gay Harden, / Sinopse: Após as experiências traumáticas vistas no primeiro filme a jovem Anastasia Steele (Dakota Johnson) resolve dar uma nova chance para o bilionário Christian Grey (Jamie Dornan). Ele parece mais equilibrado e sensato, mas será que uma volta aos seus braços realmente daria certo?

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 5 de junho de 2023

Cinquenta Tons de Cinza

Título no Brasil: Cinquenta Tons de Cinza
Título Original: Fifty Shades of Grey
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Focus Features
Direção: Sam Taylor-Johnson
Roteiro: Kelly Marcel
Elenco: Dakota Johnson, Jamie Dornan, Jennifer Ehle
  
Sinopse:
Com roteiro baseado no romance escrito por E.L. James, o filme "Cinquenta Tons de Cinza" conta a história de Christian Grey (Jamie Dornan), um milionário americano que acaba se interessante pela jovem Anastasia Steele (Dakota Johnson), após a conhecer casualmente, quando ela é enviada para fazer uma pequena entrevista no lugar de sua amiga. Desde o começo Grey fica fascinado pela singeleza e simplicidade da garota e resolve investir em um relacionamento diferente com ela, algo completamente fora do comum que testará os limites de Anastasia em relação ao que sente por seu novo "namorado". Filme indicado ao prêmio Golden Trailer Awards na categoria "Best Romance".

Comentários:
Muito barulho por nada! Assim poderíamos rotular o sucesso comercial tanto do livro como do filme "Fifty Shades of Grey". Como se tornou mesmo um fenômeno de vendas a obra original que deu origem ao filme sofreu todos os tipos de críticas. O conteúdo foi acusado de ser ofensivo para as mulheres, abusivo e fora de proporção. A história envolvendo um milionário, Christian Grey (Jamie Dornan) e uma jovem comum, Anastasia Steele (Dakota Johnson), poderia passar completamente despercebido se não fosse um ingrediente incomum que o ricaço considera indispensável em um relacionamento amoroso, a violência física. Assim ele deixa claro desde o começo que não sente prazer ou atração da forma usual, como todas as pessoas, mas sim que para chegar ao prazer precisa também infringir dor, muita dor, em sua companheira. Após o susto inicial ao ser informada desse estranho modo de ser, a jovem acaba aceitando os termos, não sem antes ser coagida a assinar uma espécie de contrato que isenta Grey de qualquer responsabilidade legal do que venha a acontecer entre eles. Muitos disseram que qualquer mulher sensata e com o juízo no lugar simplesmente iria embora ao tomar conhecimento de algo assim, mas se formos pensar bem, no mundo atual em que tudo ou praticamente tudo é permitido, tenho sérias dúvidas se as coisas seriam decididas assim mesmo, de maneira tão fácil. Outro prato cheio para misóginos e cafajestes em geral veio do fato do personagem masculino ser um milionário. Para esses a jovem Anastasia toparia tudo por causa do dinheiro dele. 

Uma maneira de rebaixar a condição feminina ao puro interesse econômico. Afinal de contas se Grey fosse um pobretão será mesmo que ela se submeteria a todas as humilhações, pancadarias e violência generalizada? Calma meus caros... A literatura erótica com toques de masoquismo não nasceu ontem e nem é fruto da nossa sociedade, considerada por muitos como completamente doente. Na verdade desde os tempos de Donatien Alphonse François de Sade, o conhecido Marquês de Sade, esse tipo de literatura está por aí, no ar! Não adianta ficar denegrindo as mulheres por causa desse tipo de história, haja visto que estamos na presença de um tipo, uma espécie literária, que já tem muita tradição. E o filme? Vale a pena? Tirando todo o preconceito que vem com o pacote no que se trata de "Fifty Shades of Grey" o filme em si pode ser considerado mediano, um passatempo que não chega a desagradar ou aborrecer. Ele conta sua história e mesmo não surpreendendo em absolutamente nada não chega a irritar. Recomendamos para que você não fique por fora dos assuntos mais polêmicos, afinal mais cedo ou mais tarde o assunto acaba vindo à tona, seja em reuniões sociais, seja em rodas de amigos. Assista nem que seja para se atualizar sobre o que anda fazendo sucesso no gosto das nossas estimadas leitoras.

Pablo Aluísio.